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Streamings: Prazer ou excesso?

Nathalia Gonçalves, aluna do 3ºsemestre de Produção Audiovisual Fiam-Faam

Felipe Oliveira, aluno do 3ºsemestre de Produção Audiovisual Fiam-Faam

Julia Leite, aluna do 6° semestre de Rádio, Tv e Vídeo Fiam-Faam

Não é uma novidade que os streamings são a bola da vez dentro do mercado audiovisual. A cada mês temos visto novidades sobre fusões de grandes produtoras no intuito de criar em suas próprias plataformas, ou gigantes do streaming. É o exemplo da Amazon que comprou a MGM por 8 bilhões de dólares. Atualmente, existe dezenas de serviços de streaming, cada um com seu valor e seu catálogo. Contudo, vamos falar dos principais casos e seus conteúdos. De acordo Henry Jenkins, estudioso dos meios de comunicação, “(…) A indústria midiática está adotando a cultura da convergência por várias razões: estratégias baseadas na convergência exploram as vantagens dos conglomerados; a convergência cria múltiplas formas de vender conteúdos aos consumidores; a convergência consolida a fidelidade do consumidor, numa época em que a fragmentação do mercado e o aumento da troca de arquivos ameaçam os modos antigos de fazer negócios. Em alguns casos, a convergência está sendo estimulada pelas corporações como um modo de moldar o comportamento do consumidor…”(Cultura da Convergência, 2006, p.352).

De acordo com a pesquisa realizadas pelo site norte americano em Maio de 2020 Kill the Cable Bill, devido à pandemia do Covid-19, a assinatura e o consumo de streamings cresceram consideravelmente ao redor do globo. Nos USA eles chegam a ser aproximadamente de 3,5 hora diárias de consumo por pessoa, e o total seria de 6 bilhões de horas transmitidas por todos os assinantes. Além das assinaturas e do consumo, os números de produções subiram consideravelmente. Além de filmes e séries mais antigas, ainda são lançadas séries novas, com suas temporadas completas, estimulando, assim, a prática do consumo em maratonas.

A Netflix é uma grande percursora de desenvolvimento em massa de conteúdos midiáticos, proporcionando as grandes maratonas de suas séries, gerando assim um grande fenômeno entre o público.

 Com tantas distrações ao nosso redor, ficar imerso em episódios por um longo tempo pode ser um alívio para a nossa realidade. Além das interações sociais pelos assuntos em comum, segundo Lalla Ropelli, estrategista de comunicação e especializada em neurociência “o fato de todos os episódios de temporadas serem lançados de uma única vez, promove uma experiência imersiva, ajudando a entreter e assim nos tirando dos problemas pessoais.” (https://gente.globo.com/o-consumo-de-series-do-ponto-de-vista-da-neurociencia/)

Este aumento de conteúdo pelo streaming tem gerado outro aspecto positivo, o mercado audiovisual cresce devido a quantidade de produções, gerando dessa maneira, novos competentes na área, empregos e ampliando o mercado audiovisual. Netflix e Amazon possuem em seu catálogo produções brasileiras, HBO Max e Disney Plus já noticiaram que vão investir em produções nacionais. Viabilizando o crescimento do audiovisual brasileiro mundo a fora.

Contudo podemos relacionar esse excesso de produções negativas. Por mais que seja muito bom maratonar algumas séries e interagir com os amigos sobre o assunto, é necessário ter o cuidado com a quantidade de horas e de conteúdo dispostos a essa prática, pois após finalizar uma série você tem que consumir outra para se manter “in group”. Esse alto consumo também pode gerar uma geração de pessoas solitárias, isoladas do mundo real, imersas no mundo ficcional, sem se relacionar com a sociedade, afetando não só a saúde mental do indivíduo como também a saúde física, ficar sentado por longos períodos pode levar o risco de síndrome metabólica, doenças cardíacas, derrames, trombose etc. A tela de TV, computador e celular emitem luz de espectro amplo que retarda a liberação de melatonina (hormônio do sono), prejudicando o ciclo do sono, pessoas que dormem pouco tem propensão a desenvolver depressão e falhas de memória. Tal excesso também pode atrapalhar a reflexão sobre a obra assistida, não assimilando a história e sua mensagem como um todo.

A questão é que tudo em excesso é prejudicial. Os streamings acabam reforçando a formação de uma sociedade ansiosa e viciada por consumo, gerando certa dependência de pertencimento social através de conteúdos midiáticos. Muitas vezes as pessoas consomem determinados conteúdos, não porque gostam ou porque aquele conteúdo vai agregar de alguma forma na vida dela, mas porque quer fazer parte de um determinado grupo ou ter assunto pra conversar com alguém de seu interesse. A necessidade de urgência que há nas pessoas atualmente, também é um fator, muitas vezes assistimos um conteúdo com pressa de terminar logo para poder discutir sobre o assunto o quanto antes, e acabamos esquecendo de absorver a história e refletir sobre o conteúdo. Por exemplo, não é possível você ser um influencer audiovisual sem ter que passar horas consumindo obras antes de opinar. Sendo assim desaparece o simples objetivo do “prazer” de assistir.

É fato que os Streamings não vão parar de realizar seus lançamentos, sejam semanais, ou mensais. Em questões mercadológicas eles vêm faturando e se mostrando eficiente. No decorrer dos meses suas assinaturas crescem, ocorrem mais fusões e lançamentos. É inevitável, e este é o futuro da mídia audiovisual. Contudo, cabe ao consumidor saber o quanto é oportuno consumir, e lembrar que sua obra preferida vai estar lá, esperando para ser assistida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. São Paulo, Editora Aleph, 2006.

https://canaltech.com.br/entretenimento/netflix-pandemia-faz-usuarios-assistirem-mais-de-3-horas-de-conteudo-por-dia-164319/