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PANDEMIA ACELEROU EVOLUÇÕES NO AUDIOVISUAL BRASILEIRO

J. C. Oliveira e Gustavo Padovani analisam a produção de conteúdo e a
distribuição na primeira mesa da Semana Acadêmica da FIAMFAAM

Por Arthur Vieira Beserra. [1]
Revisão por Letícia Guzo. [2]
Supervisão de Prof. João Luis Gago Batista [3] e Prof. Nicole Morihama [4]

O primeiro encontro da Semana Acadêmica da FIAM-FAAM, realizado nesta segunda-feira (19 de Abril), contou com a presença de J. C. Oliveira, produtor audiovisual com projetos no Grupo Globo, TV Brasil, Canal Curta e Arte 1, e de Gustavo Padovani, docente do curso de Especialização em Produção Audiovisual para Multiplataformas (EAM-UFSCar e na FGV – Fundação Getúlio Vargas).

Homem com a boca aberta

Descrição gerada automaticamente

O evento foi moderado pelo professor Thiago Venanzoni e contou com a presença dos coordenadores do evento, os professores Fernando Leme e Isabella Goulart e abordou a evolução audiovisual durante a pandemia da Covid-19, que vem mudando os rumos do mundo há mais de um ano.

Os palestrantes acreditam que o setor já vinha se adaptando a uma nova realidade e que as restrições impostas pelo vírus foram apenas um catalisador deste processo, onde a otimização de recursos e a mobilidade proporcionada pelas evoluções tecnológicas já fazem parte do dia a dia.

A criação de conteúdo na pandemia

J. C. teve pouca dificuldade em se adaptar, já que conta com uma ilha de edição em casa. No entanto, demonstra certa preocupação com a possível “uberização” da profissão, fazendo uma alusão ao aplicativo de transporte que exige que os motoristas trabalhem com seus carros e com regras pouco definidas quanto a direitos trabalhistas. 

Ele aborda que produtos como Pode Entrar, produção da Cinegroup para o GNT, ajudaram a suprir a falta de conteúdo inédito na televisão durante a primeira onda da doença. Os próprios apresentadores gravaram com celulares passeios por suas casas. A edição seguiu a linguagem das redes, usando cortes secos, emojis e trilhas leves.

Em sua tese de mestrado estuda a produção para diferentes telas, com ênfase em dispositivos móveis e em realidade virtual. Em 2020 produziu remotamente o filme “Sintonia Espacial”, que conta a história de um casal separado que volta a se falar durante a pandemia. Cada apartamento recebeu uma câmera 360º que foi operada pelos próprios atores. O espectador, com o uso de óculos especial, tem a experiência de transitar entre os dois ambientes. 


Acesse aqui para assistir ao vídeo.

O mercado audiovisual:

Analisando o lado mercadológico, Gustavo Padovani explicou oito pontos:

1) Plataformização da cultura: empresas internacionais lançaram plataformas onde são hospedados conteúdos nacionais e seus dados de acesso são valiosos para o estudo do consumidor de mídia.

2) Processo como produto: mostrou o caso de Marcelo D2, que através da plataforma Twitch, conseguiu mais uma fonte de receita além da venda de CDs ou shows (atualmente proibidos devido ao isolamento). Suas lives permitiam que os fãs pagassem para acompanhar o processo de produção do novo disco do artista.

3) Novas formas de monetização: além dos anúncios no Youtube, Instagram e Tiktok também desenvolveram seus sistemas. É aconselhável que os criadores estudem as características de cada plataforma para otimizar os ganhos.

4) Produção enxuta: tanto o cinema quanto a televisão entenderam a nova lógica. Roteiros de filmes passaram a contemplar conversas em chats, como no filme Amizade Desfeita. Já a televisão passou a aceitar imagem capturada com celulares em nome da praticidade e o público tem aceitado. 

5) Infoprodutos: é cada vez maior o uso de recursos audiovisuais na educação, inclusive transmissões ao vivo. Em breve estes recursos estarão presentes no ensino presencial.

6) Saúde mental: Cerca de 21% sofre com ansiedade podendo chegar ao esgotamento total, segundo Padovani.

7) Reconfigurações do mercado de conteúdo: a compra do site Jovem Nerd pelo Magazine Luiza, evidenciou o objetivo de participar da vida dos jovens e transformá-los em consumidores da rede, além de fomentar a criação do super aplicativo com vendas, comunicação e informação.

8) Automação, dados e UX: a explosão de bots fez com que as empresas evoluíssem seus serviços e, ao mesmo tempo, tivessem amplo acesso ao perfil de seus consumidores. 

Perguntas e respostas:

Ensino Superior ou Cursos e Tutoriais? 

Ambos concordam que o ambiente universitário ajuda a antecipar desafios e a construir repertório cultural, o que é mais importante do que apenas operar um software de edição. 

Como alcançar o sucesso?

Gustavo comenta que “é importante equilibrar qualidade, quantidade, ineditismo e buscar sempre aumentar o alcance das produções”.

Como será o pós-pandemia?

O híbrido entre vida real e virtual veio para ficar. Vai permitir reuniões mais rápidas no trabalho, bancas de mestrado com convidados de outros estados e acesso mais democráticos a festivais de cinema. Ambos são otimistas e acreditam que a cultura nacional vai superar mais este desafio: “Quando tudo isso passar, seja a pandemia ou os cortes do Governo Federal, vamos sair mais fortes”, encerra JC.

[1] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiários AICOM – repórter
[2] Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, estagiário AICOM – revisora
[3] Professor do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM, supervisor de estágios AICOM
[4] Professora e coordenadora do curso de Relações Públicas e Jornalismo FMU/FIAM-FAAM