O evento Afro Presença recebeu reitores e representantes de algumas das principais universidades nacionais; para que fossem debatidos os resultados, desafios e ações sobre a inclusão racial nas universidades.
A conversa conduzida por Silvia Souza, da Educafro e; contou também com o Manuel Furriela, Reitor da FMU/FIAMFAAM, Dácio Matheus, Reitor da UFABC, e o José Vicente, Reitor da universidade Zumbi dos Palmares.
Uma das principais discussões girou em torne de dar oportunidades a classes menos favorecidas..Furriela destacou: “ Vivemos em uma sociedade desigual, que precisa de ferramentas de correção de curso. Você precisa dar oportunidade a grupos menos favorecidos historicamente. E toda vez que a gente dá oportunidades, trazem pra gente bons resultados. Não só no Brasil, como nos Estados Unidos, você vê também resultados de pessoas que se destacam, cientistas, acadêmicos e até o presidente Obama, que foi um dos melhores presidentes que os Estados Unidos teve, pelo menos, recentemente”destacou Furriella.
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O reitor relatou também as oportunidades de bolsas da FMU/FIAAMFAAM.Temos alunos bolsistas do Prouni da FMU. E eles todos têm que ser bons alunos, se não perdem a bolsa. Ou seja, você abre a oportunidade, mas exige o estudo. A gente tem que debater e aperfeiçoar as ferramentas. “É muito recente essa discussão no Brasil”, disse..
Reitor da UFABC, Dácio Matheus, complementou enfatizando a relevância também da diversidade, e seus benefícios: “Nós não podemos falar em excelência na produção de conhecimento, se não formos inclusivos e diversos. A produção científica estará sempre limitada, se ela não permitir a participação de todos os setores e segmentos da sociedade. Seremos sempre parciais. Para serem integralmente boas, é fundamental a participação de todos os segmentos da sociedade”.
Vicente enfatizou que, além das questões de oportunidades, cotas e afins, há ainda a necessidade de termos projetos em âmbito de nacional, em que os propósitos que estão na Constituição e que estruturam a sociedade, se coloquem como paradigmas. Segundo ele, temos de entender a educação como um direito para todos os seres da sociedade em que vivemos.
Matheus defendeu que as instituições acadêmicas deveriam se preocupar em não formar profissionais a um mercado que “é estruturalmente racista”, e sim para contribuir na mudança nesse cenário. Que a presença de pretos, pardos e indígenas, nas diferentes instâncias da sociedade, já é motivo de mudança de comportamento e atitude; e que isso deve ir além da universidade, visto que há o racismo estrutural em nossa sociedade.
Por fim, foi comentado também que tem de existir cada vez mais o debate, porém, que mais importante ainda é que exista mais ferramentas de inclusão para a sociedade. A responsabilidade das universidades é enorme com a sociedade, visto que participam com frequência da vida dos jovens de todas as raças e cores. As universidades têm o papel de conscientizá-los sobre a diversidade na construção da civilização brasileira e ajudá-los para que entendam que somos todos iguais, que há o preconceito e que precisamos reconhecer. É imprescindível o entendimento de que todos precisam ser tratados da mesma maneira; para termos a transformação necessária.
Barbara Zaira e Diego Henrique*
*Com supervisão do professor Kaluan Bernardo