Homem faz exercícios em casa

A importância dos exercícios físicos no confinamento

Adaptar-se a nova rotina dos tempos de pandemia tem sido uma tarefa difícil incluindo manter a forma física e a saúde mental 

*Por Aline Lisboa

Para garantir a saúde física e mental é mais do que necessário se organizar e criar novas formas de se exercitar. Com a quarentena, as aulas e técnicas de profissionais de educação física, personal trainers e especialistas se tornaram fundamentais para não deixar o corpo e mente serem prejudicados a médio e longo prazo. Com o número de casos de pessoas infectadas pelo coronavírus aumentando constantemente, a recomendação do Ministério da Saúde é para as pessoas saírem apenas para fazer mercado ou ir à farmácia. A alternativa, portanto, para mexer o corpo e manter a forma física e mental é procurar por aulas e programas que ajudem a se movimentar, mesmo dentro de casa.

Em relação às academias, os ambientes devem continuar fechados até que se possa voltar a normalidade. A ausência dos exercícios pode se tornar um obstáculo na questão de mudança no corpo e também do humor, como afirma o professor de Educação Física, Diego Freire. “A prática de exercício é fundamental para a saúde tanto física quanto mental. Elas andam juntas. Muitas vezes as pessoas procuram a atividade física não por uma questão física e sim por questões mentais”, complementa o professor. Para as pessoas que se sentem mais confortáveis e já tem o costume de realizar algum tipo de exercício isso não é um problema, diz o estudante Wilton Laurentino, que pratica exercícios há seis ano. “Logo na primeira semana já notei a diferença, pois era a primeira coisa que fazia pela manhã. Tento improvisar algum exercício em casa, mesmo que não seja algo rotineiro”, relata.

Correr nas ruas e ir até uma academia faz parte da rotina diária de grande parte da população. Wilton comenta que “tem prejudicado bastante, no sentido de disposição, para fazer qualquer coisa durante o dia, mesmo que seja algo não tão importante, pois de uns meses pra cá minha disposição durante os dias era em grande parte motivada pelo meu dia iniciado com exercícios físicos”, salienta. A rotina de quem pratica várias formas de exercícios para se sentir bem emocionalmente pode ocasionar mudanças na forma de se relacionar com as pessoas e até mesmo afetar sua produtividade.  Foi o que ocorreu com Wilton: “Diferença no humor não percebi, porém, saúde emocional com certeza afetou, exatamente por ter a prática do exercício físico como um ponta pé inicial para os compromissos do dia. Ter essa rotina diária impedida, gerou um desconforto emocional”, conta ele.

Se exercitar pode nos beneficiar, diz Diego: “durante a atividade, o corpo libera alguns hormônios que são ótimos para saúde física e mental, hormônios de prazer e humor, que fazem melhorar bastante a saúde mental das pessoas e, consequentemente, a física também. Durante um período que a pessoa está inativa fisicamente o corpo sente falta de liberar esses hormônios e as pessoas passam a ficar impacientes e estressadas, esses são dois fatores que podemos ver facilmente, além dos quilos a mais.” É natural nos alimentarmos de doces e salgados a mais, principalmente nos fins de semanas em que temos os aniversários, aquele pastel da feira e o “sagrado” churrasco aos domingos. Mas já imaginou se isso se tornar um hábito e, como a prevenção é para ficarmos em casa quando possível, começarmos a levar esses costumes para todos os dias da semana? O resultado será uma má nutrição.

Pode-se sentir uma grande mudança corporal, quando deixamos de criar um objetivo na dieta, ou pelos o controle na quantidade de substâncias que consumimos por dia, foi o que ocorreu com o Wilton, que tinha esse hábito, “ A alimentação tomou um rumo absurdamente oposto ao que eu tinha quando me exercitava. São várias tentativas fracassadas de manter no mínimo 60% da alimentação que eu tinha antes. 

“Há alimentos que podem ser evitados como forma de não prejudicar tanto a nossa rotina, independente de se considerar uma pessoa que tem ou não métodos saudáveis”, confirma Diego. “É bom tentar seguir uma dieta balanceada, provavelmente a pessoa que já é ativa e pratica exercícios físicos regularmente segue, durante as sessões de treino. Caso não siga, é bom evitar frituras, doces, enlatados, etc…” No entanto, é sempre bom pesquisar sobre o assunto antes de planejar os seus próprios métodos alimentares. “É uma das coisas que irá ajudar o objetivo da pessoa, seja condicionamento físico, seja hipertrofia ou até mesmo emagrecimento”, ressalta. Caso a pessoa não siga uma dieta balanceada (receitada claro) por um profissional de nutrição o objetivo pode não se realizar. “A dieta é fundamental, assim como a atividade física e o descanso. Os três fatores são de extrema importância, caso algum dos três pilares saia do prumo, com certeza irá comprometer todo o processo”, afirma o professor Diego.

Seja para se alimentar ou para cumprir exercícios é importante realizar uma consulta antes de criar a rotina, alerta Diego. “É sempre bom procurar um profissional da área”, diz. Uma pessoa que não tem costume de praticar nenhuma atividade física é uma pessoa sedentária e, por isso, é necessário tomar cuidado para que não force muito e acabe tendo algumas complicações, principalmente na parte cardiovascular ou até mesmo na parte muscular, para que não fique com dores intermináveis e desista de imediato. Por isso tanto cuidado. “A indicação é procurar alguém especializado pra evitar futuros problemas”, completa o professor.

Devido a essa preocupação, muitos alunos e professores especializados começaram a criar novas formas de levar os exercícios para seus lares, com relação ao planejamento do profissional de um professor tem sido, Diego, “Aulas em vídeos, porém tive que separar por objetivo de cada um. Saber o que cada um tem em casa para poder utilizar como base e assim fazer os exercícios propostos”.

No entanto, deve se levar em conta que o que pode dar certo para alguns pode não ser favorável para outros, explica o aluno Wilton. “Tenho tentado realizar exercícios físicos dentro de casa, mas, à disposição não é a mesma para mim. Tento seguir esse estilo o máximo possível, porém, a taxa de sucesso é extremamente baixa comparada ao que eu tinha em mente. As aulas presenciais para a maioria são mais convidativas na hora de motivar os alunos a cumprir suas metas, pois de alguma forma o contato com amigos e professores vendo e elogiando o resultado pode ser diferente das aulas online.  “Mas não menos importantes quando necessário”, aponta Wilton. “Não conseguiria com aulas on-line. Valorizo muito o contato com as pessoas em uma academia e isso com certeza interfere quase 100% para a realização de aulas em casa no meu caso específico”, explica.

Quando falamos em aulas online, temos de entender que todo o cenário será alterado, não é garantia de que possa funcionar para todos, salienta o professor Diego. “A diferença é grande, principalmente se o objetivo da pessoa for hipertrofia, (ganho de massa magra), pois na academia temos um número grande de aparelhos com cargas mais elevadas e assim o resultado para hipertrofia é melhor”, destaca. Porém, segundo ele, quando o objetivo for emagrecimento, a academia ainda consegue ser um pouco melhor. Mas o aluno(a), executando de casa, consegue ter um resultado bastante satisfatório com exercícios funcionais. “Sem o professor estar perto, o medo é o aluno errar a execução e acabar se machucando”, observa.

Por essa razão é importante analisar se é possível reservar e/ou organizar um espaço apropriado dentro de casa para evitar acidentes. Além disso, na hora de realizar exercícios pelas plataformas online, é bom consultar uma pessoa especializada. “O maior risco de seguir tudo que está na internet sem consultar um profissional,  principalmente aquele que acompanha você diariamente e sabe seu nível de aptidão física, o que você pode ou não fazer, é executar o exercício errado e acabar se machucando gravemente”, confirma Diego.