NUDA traz releitura da peça teatral Agreste do dramaturgo Newton Moreno na Semana da Comunicação do FIAM-FAAM

Temas como preconceito, conservadorismo e homofobia são apresentados na peça como discussão fundamental na sociedade brasileira

Julia Valentin e Emily Alves [1]

Carla Tôzo [2]

 

Nesta quinta-feira (24), quarto dia da Semana da Comunicação, além das palestras e oficinas, ocorreu a segunda exibição – num auditório lotado – da peça teatral Agreste de Newton Moreno, a qual aborda intolerância, preconceitos e amor incondicional que floresce na seca do sertão do Nordeste brasileiro. A trilha sonora deixa a melancolia das cenas bem clara, possibilitando melhor visualização da mensagem passada.

”É preciso muita coragem para dar um passo”. A frase em destaque do texto encenado mostra o início de uma relação entre duas pessoas apaixonadas e que ao decorrer da história enfrentam as consequências do que é viver esse romance ”proibido”.

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crédito: Beatriz Freitas

O ambiente se passa no sertão do Nordeste em uma época na qual as pessoas vivenciam o conservadorismo e o tradicionalismo. Nela, os (as) protagonistas vivem um amor proibido desde jovens, justamente por conta de uma “cerca” que simboliza uma barreira existente entre o casal. Após um tempo a personagem Maria não aguenta mais essa cerca que estava tão presente na vida do casal e cruza-a mudando tudo, menos o sentimento dos dois apaixonados.

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(crédito: Beatriz Freitas)

O texto retrata a descoberta/relacionamento e como o pensamento da população daquele tempo sobre a mulher ser obrigada a ser tão reservada e recatada. Para Daniele Leite, estudante de jornalismo ”a peça trouxe grande sensibilidade porque trata de uma realidade de como as pessoas viviam há uma década atrás, muito mais no interior do Nordeste, onde existia o machismo e ainda existe, e como trabalhar a questão da sexualidade, a inocência da personagem. É uma peça que trata muito do ser humano, porque pra personagem ali o que importava era o amor.”

A história também demonstra como os personagens vivenciaram os julgamentos da sociedade. Bianca de Moura, também estudante de jornalismo, achou o conceito da peça interessante. “O modo implícito que eles abordam o tema foi algo legal porque você vai tentando decifrar no decorrer da peça, então isso deixa a gente um pouco mais curioso para saber o que é realmente esse assunto.”

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(crédito: Beatriz Freitas)

Sobre o processo criativo da releitura de Agreste a atriz e professora responsável pelo Núcleo de Dramaturgia da FIAM (NUDA), Natália Guimarães explica que tudo foi no coletivo. “A gente está produzindo essa peça desde março, uma peça do Newton Moreno que seria para dois atores, nós estamos em oito. Na verdade, nós estávamos em quinze alunos, só que alguns foram saindo por motivos pessoais e trabalho, então tivemos que fazer uma releitura do texto e uma adaptação. O meu foco foi muito pensado na simplicidade e ao mesmo tempo na potência dos objetos feitos, com delicadeza e ao mesmo tempo sofisticação, já que, não tínhamos orçamento. Então a gente foi criando, adaptando até chegar na coisa que a gente queria e depois pensamos no som, trilha sonora e tudo mais.”

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(crédito: Beatriz Freitas)

A 9ª Semana de Comunicação ocorre até o dia 25/10, nos campi Ana Rosa, Liberdade e Morumbi, nos períodos da manhã e da noite. Confira a programação completa no 9ª Semana da Comunicação.

[1] Alunas do segundo semestre do curso de Jornalismo. Monitoras do Núcleo de Estudos de Cultura (NECULT).

[2] Professora do curso de Jornalismo. Atua na Agência Integrada de Comunicação (AICom).