A realidade com IA já pode ser encontrada nas produções de reportagens e recomendação conteúdo para leitores
Por Maria Carolina [1]
Edilaine Felix [2]
Em sua 5º edição, o Midia.Jor 2019 promoveu o painel “O algoritmo em casa – como a Inteligência Artificial já está presente nas redações pelo mundo” que apresenta o cotidiano das redações do Brasil com a utilização da IA como ferramenta de trabalho, realidade que já se tornou importante em grandes veículos internacionais como Washington Post e The New York Times.
O evento contou com a presença dos jornalistas Camila Marques, editora de Audiência e Digital da Folha de S. Paulo, Leonardo Cruz, editor coordenador digital no Estado de S. Paulo, Daniel Flynn, editor na América Latina para a Thomson Reuters e como mediador, Leão Serva, diretor de jornalismo da TV Cultura.
No começo do painel foi apresentado um vídeo case da Press Association que apresentou ao público o projeto Radar (Repórteres, Dados e Robôs), plataforma de interpretação de dados responsável pela criação de conteúdo distribuído para a região do Reino Unido. Junto com o jornalismo humano, o Radar é automatizado e assim consegue contribuir com o aumento e qualidade das notícias locais, como explicou Pete Clifton, editor-chefe do veículo.
Em terras brasileiras
No Brasil, a realidade da IA é observada nas produções de reportagens e recomendação de conteúdo para leitores, por exemplo das barreiras em sites como Estadão, Folha de S. Paulo, O Globo e outros convidando aos leitores para assinarem o conteúdo impresso ou digital, como apontou o jornalista Leonardo Cruz. Ele também relembrou a utilização da ferramenta de reconhecimento facial do Google em uma matéria especial do Estadão, em que avaliava as emoções dos candidatos à presidência do Brasil nas eleições do ano passado durante o debate ocorrido em parceria com o Twitter, a Rádio Jovem Pan e a TV Gazeta.
“É um jeito de você usar a IA de uma maneira que você consiga interpretar expressões com a utilização de uma maquina específica, e a partir disto, tirar conclusões sobre se o candidato A estava mais nervoso ou se o candidato B estava mais feliz. Foi um experimento muito rico e ficamos felizes com o resultado”, diz.
Um futuro a ser repensado
Existe a discussão da perda de empregos de jornalistas para os novos meios de tecnologia. Para Camila Marques, não é algo que a categoria deva se preocupar, pois esta forma de tecnologia é um instrumento capaz de auxiliar no trabalho diário. “Vagas serão perdidas, mas dezenas de outros cargos serão criados. Nós precisamos de jornalistas que se adaptem à nova realidade digital”, ressalta.
O Big Data, termo em Tecnologia da Informação (TI) que trata sobre grandes conjuntos de dados que precisam ser processados e armazenados, contribui para grandes furos de reportagem, como também exposto por Camila ao citar matéria produzida pela Folha de S. Paulo que denunciou o esquema de fraude do Enem em mais de mil provas.
“Inteligência artificial não é somente inovação e as coisas absolutamente mágicas que um dado pode te entregar. É facilitar a vida de um dia-a-dia com cada vez menos tempo sobrando. E assim, liberar o ser humano para fazer o trabalho que a máquina [ainda] não consegue realizar de forma mais analítica”, diz.
O jornalista Daniel Flynn se mostra otimista quanto ao futuro do AI no Brasil e na América Latina, principalmente em relação ao trabalho realizado na Thomson Reuters com o jornalismo econômico. “O que pensamos agora é usar a IA de forma mais criativa”, diz.
[1] Alunos do quinto semestre do curso de Jornalismo. Estagiários da Agência Integrada de Comunicação (AICom).
[2] Professora do curso de Jornalismo. Atua na Agência Integrada de Comunicação (AICom).