Professores discutem relações entre obras de Pierre Bourdieu e o jornalismo

O Mestrado Profissional em Jornalismo – FIAM-FAAM promoveu, nesta quarta-feira, dia 23/08/2018, das 13h30 às 17h30, no campus Ana Rosa, o seminário Diálogos – Pierre Bourdieu e o Jornalismo. Cada convidado comentou uma obra do autor e traçou relações com o jornalismo e a comunicação.

Para a conversa estiveram presentes os professores da Fundação Cásper Líbero, o prof. Dr. Luís Mauro Sá Martino (com a obra A Distinção de 1979) e o professor Dr. Liráucio Girardi Júnior (A Economia das Trocas Linguísticas, 1982) ; os professores do FIAM-FAAM – Centro Universitário, a professora Dra. Michelle Roxo (As Regras da Arte, 1992) e o prof. Dr. Rafael Grohmann (Meditações Pascalianas, 1997), e a profa. Dra. Cláudia Lago, da Universidade de São Paulo (USP), comentando a obra esboço de uma autoanálise, 2004.

De acordo com o professor Liráucio, o livro A Economia das trocas lingúisticas (1982) é um conjunto de textos no qual Pierre Bourdieu trabalha a eficácia de produção do discurso, tão presente e importante para o jornalismo. “O poder de nomear, o enquadramento, a escolha das manchetes. O discurso é um signo de riqueza e de autoridade, e ele está presente no jornalismo”, diz.

Um texto que conta o percurso e as escolhas que Bourdieu fez, reforçando o que é central na produção dele, que é a reflexividade, esse é o livro O esboço de uma autoanálise (2004), comentado pela professora Claudia Lago: “essa reflexividade seria muito bom para jornalistas, pesquisadores, sociólogos, profissionais da comunicação em geral, para que entendessem sua lógica e suas práticas.”

Para o professor Luiz Mauro, que comentou sobre a obra A Distinção (1979), o mercado não favorece essa reflexão, “é um espaço de prática”. No entanto, ele destaca que tem um outro espaço de integração promovendo o encontro do acadêmico com o profissional de comunicação.

“As empresas jornalísticas têm cursos, treinamentos, espaços e receptividade para conversar. Nós da academia temos algo a dizer e muito a ouvir e é bom trazer essas práticas para problematizar e para o jornalista é bom parar ele pensar: o que eu estou fazendo?”, diz o professor.

De acordo com o coordenador do Mestrado Profissional em Jornalismo do FIAM-FAAM – Centro Universitário, Rafael Grohmann, a ideia é de que Diálogos seja uma série. “É um diálogo das pessoas do mercado com a academia, como os conceitos servem para pensar o jornalismo, por isso estrategicamente ocorre a tarde para envolver mais professores da graduação.”

Sucesso

O evento contou com a presença de aproximadamente 90 pessoas, professores da arquitetura, alunos do mestrado em direito, mestrando e doutorandos da PUC, da Metodista, da ESPM, alunos de graduação da USP. “A ideia de uma formação acadêmica que sirva também para as questões profissionais”, diz Grohmann que destaca a presença, na plateia, da professora Dra. titular da ECA-USP, Beth Saad, referências em jornalismo digital, que adorou o evento e disse que aprendeu muito.

“Temos um projeto desse evento se transformar em livro, trazendo outras pessoas para discutir outros autores e obras. Em uma conversa surgiu a possibilidade de fazer o próximo sobre Foucault (Michel Foucault).” Para esse, o coordenador do mestrado já pensou em dois nomes: a professora Doutora da ECA-USP, Mayra Rodrigues Gomes e o professor Doutor José Luiz Aidar. “Pensei também em Paulo Freire, um brasileiro, mas poderia ser também Stuart Hall … desde que contribua para os dois lados.”

Grohmann  revela ainda que o formato deve ser mantido: gratuito e no período da tarde. “São Paulo tem 15 programas de pós-graduação em comunicação certamente tem muita gente interessada em participar dessa discussão.