Por Pâmela Alencar
A mesa de debate na semana de Rádio e TV, na noite da última segunda feira, 24, teve como tema Cinema e Dramaturgia. Com a mediação da professora da Instituição, Isabela Goulart, os alunos receberam Eduardo Mendes, gerente de produção executiva da produtora RT Features; Helena Botelho, diretora de produção e Alice Wolferson, produtora de elenco.
Os debatedores – com suas bagagens de trabalhos produzidos e reconhecidos internacionalmente – trouxeram a visão do mercado atual para os futuros profissionais. O coordenador do curso de RTV, Fernando Leme, conta que os profissionais foram escolhidos a dedo para que trouxessem experiências práticas que os alunos enfrentarão. “A semana foi pensada para que o aluno tenha empregabilidade”, apontou.
Lorena Sales, estudante do 6º semestre do curso de RTV, afirma que a semana vai abrir um leque para que eles possam aprender um pouquinho de cada área.
Durante o debate, os convidados ressaltaram a importância de experimentar e passar pelas diferentes áreas dentro da profissão para encontrarem suas afinidades. Além disso, os palestrantes reforçaram a importância da participação em festivais pois são momentos de interação e troca de conhecimento.
O cenário cinematográfico mudou muito nos últimos 10 anos. O número de filmes produzidos, distribuídos e lançados cresceu e rendeu mais dinheiro. De acordo com Helena Botelho, apesar da situação econômica, ainda há uma produção intensa. “Tivemos um grande desenvolvimento do cinema, mas tendência é diminuir um pouco por causa da diminuição da verba”, afirma.
Eduardo Mendes conta que o mercado consegue absorver as pessoas. “Embora a economia global esteja em um momento de crise, o mercado audiovisual está crescendo. Independentemente da função que você resolva ter, você provavelmente vai conseguir se inserir porque tem espaço no mercado”, contou.
Alice Wolferson completou dizendo aos alunos que não adianta irem atrás de uma área que precisa de profissionais e reiterou a importância do prazer no exercício da atividade. “Vocês precisam gostar do que fazem. Consequentemente, o mercado abrirá as portas”, incentivou.
Contrapondo o mito do glamour nas telas
Além da questão do mercado de trabalho a palestra abordou alguns pontos frágeis da carreira. Para ela o fato de o Brasil não possuir um Departamento específico de Produtores de Elenco, assim como os EUA possui desde 2013, tornando isto, um grande problema, pois no sindicato, não colocam produção de elenco como profissão legalizada e nem como chefe de equipe, desvalorizando-se assim. Embora, ela ainda se mantém otimista diante de todo esse quadro, trabalhando com o que gosta, tendo a emoção de escolher atores para cada filme, como se fosse o primeiro de sua carreira.
“Eu acho que começou a ter um entendimento melhor sobre o que é ser produtor de elenco, pois não é só negociar cachê.”
“Tem prêmio para tudo, menos para produtor de elenco, que é um conjunto. Tentamos fazer reuniões no sindicato mas nada feito, o problema vai além de, indo para o Ministério do Trabalho, então ainda é bem complicado.”, afirma.
Eduardo destaca a evolução que o cinema obteve, comparando 20 anos atrás com hoje, onde o consumo cinematográfico aumenta a cada dia, junto de novas plataformas como Netflix, Tv’s a cabo, nos próprios smatphones, trazendo uma grande demanda de trabalhos, mas também, um retorno significativo para os que produzem.
“Atualmente, as pessoas estão assistindo um pouco de cada gênero nas telas, aqui no Brasil as comédias românticas disparam nas bilheterias, entretanto, lá fora os blackbusters estão em peso.”
Helena finaliza comentando sobre a mesclagem entre produção de livros e depois a sua transição mútua para o cinema, mencionando técnicas importantes como enquadramento da imagem, qual lente usar, dentre outras, afirmando ser um trabalho difícil pois o filme tanto se recria na filmagem como em sua edição. Evidencia também, que Cinema e Dramaturgia não é só glamour, é trabalho conjunto entre diretor, produtor, figuração e elenco, não desmerecendo nenhum projeto para o filme dar evasão; e, tanto para universitários como recém-formados, é extremamente importante divulgar seus trabalhos em diversos festivais e nas mídias digitais, a fim de evoluírem, independente do que for concluído por quem detém conhecimento do assunto.
“Os festivais são eventos de troca de conhecimento.”
“A gente não pode pautar o nosso trabalho em função do que os outros gostam.”, diz.