Por Mayara Damasceno
No segundo dia da Semana de Jornalismo do FIAM-FAAM Centro Universitário, o auditório Nelson Carneiro, do campus Liberdade, recebeu jornalistas para discutir a temática de gênero na profissão. Mediado pela professora de radiojornalismo Helen Braun, a palestra contou com Laís Modelli, colaboradora das revistas Az Minas, Cult e Caros Amigos; Lívia Lima, editora do Nós, Mulheres da Periferia e da Agência Mural de Jornalismo; Juliana Domingos de Lima, redatora de contemporaneidade do Nexo Jornal e Joyce Ribeiro especialista em jornalismo econômico e ex apresentadora da RIT TV, Record e do SBT.
Durante toda a noite da terça-feira foram abordados temas sobre o feminismo, sexismo, feminicídio, preconceito, racismo e desigualdades sofridas pelas mulheres na área do jornalismo. As jornalistas contaram suas experiências profissionais como mulheres atuando na área e as dificuldades em se destacar em um ambiente tradicionalmente machista. Laís Modelli, por exemplo, falou sobre a falta de figuras femininas nos jornais impressos, ainda atualmente dominado por homens e carregado por ideologias machistas.
Lívia Lima destacou que a dificuldade da mulher jornalista é ainda maior quando sua origem é da periferia. “Quem entra na Folha de S. Paulo ou no Estadão não é mulher da periferia”, afirma. Já a jornalista Juliana D. Lima falou sobre como é atuar na área de cultura e gênero do Nexo e da importância sobre as mulheres em seus textos. “Há 2 anos falar de machismo e feminismo era um absurdo. Hoje podemos abordar isso de forma mais livre e clara”, diz Juliana.
“Minha aproximação com o tema feminismo veio das minhas experiências e com o tempo, a percepção do dia-a-dia me abriu os olhos para realidade sofrida pelas mulheres, ainda mais por sermos negras”, contou a jornalista Joyce Ribeiro, que por meio dessa percepção, escolheu contar a história de uma mulher no seu livro Chica da Silva:Romance de uma vida.
Em uma experiência recente, Laís Lima alertou também que a perseguição contra mulher não parte só de homens, mas também de outras mulheres e que isso torna o sofrimento ainda maior. A luta do feminismo também é do homem, a maior percepção parte da mulher, mas a luta é de ambos. Já Lívia Lima ressaltou a importância de termos mulheres negras e da periferia em grandes jornais, para que a história dessas pessoas seja entendida e contada.
Após abertura para perguntas da plateia foram abordados temas polêmicos como a volta do goleiro Bruno aos campos, criando um paradoxo entre a ressocialização e a falta de impunidade. As jornalistas também debateram sobre as dificuldades de ser mãe hoje nas redações, sobre como identificar um feminicídio e como abordar esses temas também entre os homens.
A semana de jornalismo do FIAM-FAAM Centro Universitário faz parte das comemorações dos 45 anos do curso de jornalismo da instituição. Até o final da semana ainda serão debatidos temas como fake news, novos negócios em jornalismo, jornalismo e poder, entre outros.